5 - Intolerância (Intolerance: Love’s Struggle Throughout the Ages) - 1916
Esqueça tudo o que você já ouviu falar sobre D.W Griffith. Esse filme vai além, transportando tantas emoções para o espectador que dificilmente se torna cansativo. Não tiraria nem um minuto dele, e arrisco dizer que é um dos seus melhores filmes longos, além de ser um soco no estômago e uma resposta à altura, de quem o chamava de racista. Intolerância chega a ser sublime, nos seus mais variados tons e histórias.
Essa película espetacular conta 4 histórias paralelas contadas não em série, mas que vai de uma para outra, dando ao filme um movimento rápido e contínuo, e ao mesmo tempo com um bom ritmo para acompanhá-lo. Elas são intercaladas tão magistralmente que, para a época, foi um susto, e claro, um fracasso de bilheteria. O público não poderia esperar por tamanha obra-prima, com uma duração tão longa. Griffith foi um visionário, e como todo gênio, incompreendido. Fico me perguntando o que ele faria hoje como diretor, com todos os recursos disponíveis, inclusive o da fala.
Para quem gosta de história é um prato cheio, mas para quem não gosta, devo dizer que achei necessário o conhecimento para melhor digerir a obra, pois há três histórias que contam sobre episódios passados, e uma nos tempos em que o filme foi filmado, baseado em um conto de Walt Whitman. Na da queda da Babilônia, temos a atuação maravilhosa de Constance Talmadged, que com trejeitos e ar de menina mais masculinizada, consegue deixar o espectador atônito (a melhor e mais grandiosa das histórias); na Judéia, temos uma história bem conhecida por todos: a de Jesus Cristo, em eventos selecionados (a mais curta, creio eu, e a menos necessária); na frança, há o Massacre de São Bartolomeu, onde milhares de protestantes franceses são mortos a mando de Carlos IX, influenciado por sua própria mãe (também pouco explorada); e, claro, a última história, de uma garota que, depois de sofrer com a morte do pai, luta para que seu amado não vá para a forca, por conta de um assassinato. Nesta história, temos a atuação impecável de Mae Marsh, que também esteve em “O Nascimento de uma Nação”, como a irmã que é perseguida por Gus.
O cenário de Intolerância é estonteante, com cenas de dança, batalhas talvez mais incríveis do que “O Nascimento de uma Nação” e cenas incrivelmente ousadas, como mulheres com roupas transparentes em representações de bacanais. Sinto também que Griffith tinha adoração por animais, e nessa película isso fica evidenciado pela diversidade deles (pombas, um urso, cabras, cachorros e cavalos, obviamente), e sempre vemos, nem que seja em apenas uma cena de seus filmes, que em algum momento eles aparecem.
Griffith em números:
- Nesse filme, houve um gasto em torno dos 2 milhões de dólares, e Griffith não chegou a ver o retorno desse dinheiro, porque seu público não estava à altura de suas obras-primas.
- A cena das batalhas e as mais amplas proporcionaram a marca incrível de 3.000 figurantes.
Se eu pudesse dar mais que 5 estrelas, daria.
EUA/ Mudo P&B/ 163min Direção: D.W. Griffith Produção: D.W. Griffith Roteiro: D.W. Griffith, Walt Whitman, Tod Browning Fotografia: G.W. Bitzer, Karl Brown
Música:Joseph Carl Breil, Carl Devis, D.W Griffith
Elenco:
Spottiswoode Aitken
Monte Blue
Frank Borzage
Tod Browning
Frank Brownlee
Kate Bruce
Frank Campeau
Jewel Carmen
Elmer Clifton
Dark Cloud
Gino Corrado
Constance Collier
Miriam Cooper
William Courtright
Max Davidson
Nigel De Brulier
Carol Dempster
Edward Dillon
Douglas Fairbanks
George Fawcett
Lillian Gish
Sam De Grasse
Olga Grey
Mildred Harris
Robert Harron
Joseph Henabery
DeWolf Hopper Sr.
Lloyd Ingraham
W.E. Lawrence
Jennie Lee
Virginia Lee Corbin
Vera Lewis
Walter Long
Harold Lockwood
Bessie Love
Wilfred Lucas
Mae Marsh
Tully Marshall
Francis McDonald
Owen Moore
Carmel Myers
Loyola O'Connor
Seena Owen
E outros vai, vou ficar até amanhã listando ! HAHA