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A carta de Despedida



Provavelmente, quando você estiver lendo isso, nós já tenhamos seguido em caminhos opostos. Nossas vidas, que antes andavam juntas, tinham objetivos em comum e compactuavam com um futuro a dois, talvez, em algum momento, tenham se perdido neste planeta vasto e cheio de culturas e pessoas diferentes. Não é que eu não pensava nisso. É só que, na verdade, eu nunca imaginei que isso pudesse acontecer.

Parecia inevitável o que a vida tinha reservado para nós. Uma casa com um cachorro, um carro talvez, conquistas sendo vencidas e o mais importante: aquela vida que a gente tinha imaginado, quando sentávamos na grama pra conversar sobre nossos devaneios da vida e sobre teorias que criávamos para o universo, ou para um simples filme que tinha dupla interpretação.

Talvez eu tenha me acostumado com essa vida que imaginei e não pensava em largar essa imagem. Aliás, ouso dizer que me agarrei a essa imagem com todas as forças que ainda me restavam. Mas agora, é hora de dizer adeus.

Adeus a todas as horas que passávamos ao telefone, das piadas internas que fazíamos em nosso spot secreto, na sua casa. Adeus às brigas, também, mas sobretudo ao carinho e amor que nunca mais serão os mesmos. Mesmo que voltemos, mesmo que tentemos de novo, esse adeus é um adeus para aquilo que um dia a gente foi, e que não vai mais voltar. A ingenuidade que os casais têm de que foram feitos um para o outro e nada pode mudar isso, ou aquela ideia de que não se visualiza a pessoa amada com outro alguém. Mas, querendo ou não, esse alguém talvez já esteja lá, ocupando um abraço e um beijo que um dia eu pensei que seriam exclusivamente meus.

A vida tem disso. Imprevistos, erros, acertos, sentimentos humanos de dor e amor que eu achava que não existiriam em mim, mas acabaram aparecendo, ao longo de um dia, de um ano, de uma vida toda até aqui. Sabe aquela vida que a gente tinha em mente, quando dizíamos que nós éramos como almas gêmeas? Ela não eiste mais. A sua alma gêmea aqui, de repente, pode ter cansado de imaginar sozinha. Então é adeus, de uma dor que não mais me pertence, de uma situação que não é mais a minha e de um peso que eu carregava sozinha.

Adeus, amor da minha vida. Reinvente-se, crie uma nova identidade, uma nova vida, e talvez você encontre um novo amor para sua nova vida, porque é exatamente isso que estou fazendo ao escrever esta carta.

Tatiana Trindade

Sagitariana, cozinheira, fotógrafa, empresária e de tudo um pouco. Tem 23 anos, mas ainda não sabe se casa ou compra uma bicicleta.

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